18/04/2016

Serve the City

Fui desenhar o jantar comunitário Serve the City
Nas palavras do Alfredo, o objectivo deste jantar não é matar a fome às pessoas, mas sim criar um momento de afecto, de atenção e paciência, criar uma ponte onde ela não existe. Os convidados chegam, são acolhidos e encaminhados para uma mesa com toalha de pano, um marcador e uma vela. Depois são servidos pelos voluntários, que nesta noite são empregados de mesa. A dignidade dos convidados é igual à nossa, disse-me mais tarde o Jónatas, voluntário há 3 anos no Serve the City.
Às oito e meia os convidados começam a chegar, nas mesas de oito lugares já estão dois voluntários sentados, que conversam e fazem companhia aos pequenos grupos e pessoas sozinhas que acabam de entrar. Jantam todos ao mesmo tempo.
Deambulei por ali, encantado de fazer parte daquele serão e daquele momento solidário. Sentei-me numa mesa de surdos-mudos, num cantinho, que a mesa estava cheia. Pedi a uma das convidadas, a de lenço colorido na cabeça e que sabia ler nos lábios, se os podia desenhar no meu caderno. Todos disseram que sim. Continuaram animados e muito conversadores, quase sem emitir sons. Ao meu lado, as duas voluntárias Catarina e Bárbara, entravam nas conversas como podiam, a Bárbara, quase arquitecta, pediu-me uma caneta e começou também a desenhar. 
Uma hora, um frango no forno com puré e um gelado depois, terminei o desenho. Sem os interromper, virei o caderno, para que se pudessem ver retratados. A surpresa e contentamento foram indisfarçáveis. Tiraram fotos, fizeram gestos de agradecimento, e tentaram, como podiam, falar comigo. E nesse momento, percebi que o desenho derruba muitas coisas, até as barreiras da linguagem.
Pelas dez horas da noite, os convidados começaram a sair, despedindo-se dos voluntários, e também de mim. Jantámos depois com aquele grupo de gente formidável. Sentei-me ao lado do Rafael, que fazia anos nesse dia, e, num gesto solidário, ofereceu todo aquele jantar.
Fiquei com muita vontade de regressar, e talvez para não desenhar...

I went draw the community dinner Serve the City.
Alfredo told us that the purpose of this dinner is not to kill people starve, but to create a moment of affection, attention and patience, creating a bridge where it does not exist. The guests arrive, they are then welcomed and directed to a table with a cloth towel, a marker and a candle. They are then served by volunteers who are waiters this night.  The dignity of the guests is the same as ours, told me later Jonathan, a volunteer for 3 years in Serve the City.
At eight-thirty the guests begin to arrive, the tables of eight seats have already two volunteers who talk and make company to small groups or single people who have just entered. They dine all at once.
I walked around, delighted to be part of this evening. I sat at a table of deaf-mutes, in a corner, the table was full. I asked one of the guests, the colorful headscarf lady who could read the lips, if I could draw them on my sketchbook. All of them said yes. They continued animated, talking a lot almost without making a sound. Beside me, the two volunteers Catarina and Barbara, tehy participate in the conversation as they could, Barbara, almost architect, asked me a pen and also began to draw.
An hour, a chicken in the oven with mash and an ice cream after I finished the drawing. Without interrupting, I turned the sketchbook, so that they could see eachother portrayed. The surprise and joy was incredible. They took photos, they thank the gestures, and tried as best they could, talk to me. And in that moment, I realized that drawing can breake the barriers of language.
About ten o'clock in the evening, the guests began to leave, saying goodbye to the volunteers, and also to me. We had dinner then with that group of great people. I sat next to Rafael, who was havinh his birtday that day, and in a gesture of solidarity, offered to all that dinner.
I really want to return, and perhaps not to draw ...



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